A desigualdade social é uma triste realidade persistente no Brasil, e molda a política ao longo de sua história. Desde os tempos coloniais até os dias atuais, essa disparidade tem afetado todos os aspectos da vida no país, incluindo a dinâmica política.
A favelização, um símbolo visível dessa desigualdade, representa comunidades lutando para sobreviver em condições deploráveis. A falta de acesso a saneamento básico, educação de qualidade, serviços de saúde adequados e transporte eficiente são apenas algumas das muitas dificuldades enfrentadas por essas populações marginalizadas. A escassez de oportunidades de emprego e a baixa qualidade da educação perpetuam um ciclo de desvantagens socioeconômicas, resultando em uma ampla lacuna de renda entre diferentes grupos sociais.
De acordo com um estudo recente da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a pobreza atingiu um recorde no Brasil durante a pandemia de Covid-19, afetando 64,6 milhões de brasileiros em 2021.
Esses dados também destacam as disparidades raciais e regionais que aprofundam a desigualdade. A taxa de pobreza entre negros e moradores das regiões Norte e Nordeste é significativamente maior do que entre brancos e nas regiões mais desenvolvidas. Essa disparidade é um lembrete doloroso da herança histórica de discriminação e marginalização que persiste, moldando as oportunidades de vida com base na origem étnica e na localização geográfica.
Impacto da desigualdade econômica
É fundamental compreender que a desigualdade não se limita à esfera econômica e política. Ela permeia todas as áreas da sociedade, influenciando as relações sociais, o acesso à cultura e a qualidade de vida. A desigualdade alimentar, a falta de saneamento básico e a precariedade na saúde pública afetam a saúde física e mental das comunidades mais vulneráveis. Além disso, a falta de acesso à educação de qualidade e oportunidades de formação perpetua o ciclo de desigualdade, limitando o potencial individual e a construção de capital humano qualifidade.
Esses números revelam a urgência de medidas para combater a desigualdade social, o que tem profundas implicações na dinâmica política do Brasil. Os líderes políticos, parlamentares e líderes de partidos no Brasil são relativamente sensíveis às demandas de políticas públicas que combatam a desigualdade, pois além de se tratar um problema óbvio, atinge e impacta um grande número de eleitores.
Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, o governo brasileiro implementou medidas significativas, como o aumento das bolsas assistenciais e a criação do Auxílio Emergencial. Posteriormente, o Bolsa Família foi estabelecido em R$ 600, servindo à população mais vulnerável. Isso resultou em uma queda no índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, atingindo a marca de 0,518, o mais baixo da história. Vale ressaltar que quanto maior o índice de Gini, maior a desigualdade.
Considerações finais
Apesar da importância dessas medidas para garantir subsistência e dignidade mínima, é crucial lembrar a famosa citação do ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan: “O melhor programa social é um emprego”. A criação de empregos e oportunidades econômicas — como por meio da educação na infância — é a maneira mais eficaz de combater a pobreza, reduzir a dependência de programas de assistência social e melhorar o bem-estar geral da sociedade de forma sustentável em longo prazo. Um conjunto de políticas que reduza a desigualdade social é essencial para a melhoria do Estado de Direito no país.