A história do Fantasmas de Scrooge no Natal já foi reproduzida em diversas versões. Na versão da Disney, o personagem do Tio Patinhas é retratado como um banqueiro malvadão, enquanto as pessoas olham pela sua janela sem dinheiro para comer, como se uma coisa fosse consequência direta da outra. No decorrer da história, ele visita seu passado, presente e futuro, e percebe que terminará sua vida sozinho.
Em sua ‘’Teoria das Elites’’, o filósofo Gaetano Mosca estabeleceu preceitos do elitismo com foco em uma ‘’classe diligente’’. Ou seja, um grupo específico e restrito de pessoas a quem o poder estaria direcionado. Tanto no filme como na teoria acima, assim como no imaginário popular, essa imagem se reproduz diversas vezes, reproduzindo a culpa da pobreza aos ditos ricos.
Porém, o que não se considera é que a economia não é jogo de soma zero, conforme demonstrou a Teoria Marginalista desde 1871. Entretanto, isso não significa que o papel de um capitalista na sociedade deve estar reservado apenas aos seus próprios negócios. Isso decorre do fato de a geração de lucros deste capitalista ser um dos meios para ajudar as pessoas pobres mostradas no filme da Disney.
Afinal, o que fornece meios para a subsistência continuada e consistente dessas pessoas é a geração de empregos proporcionada pelo sucesso do capitalista em seus negócios.
O problema social decorrente dessa imagem, por exemplo, é que ela prejudica a coesão social e política e, consequentemente, o desenvolvimento mais acelerado de um país.
A elite brasileira, por exemplo, é considerada uma das piores do mundo pelo Elite Quality Report 2020. Ao analisar mais a fundo as elites no mundo, os economistas Tomas Casas e Guido Cozzi elaboraram relatório em que analisaram a qualidade das elites de 32 países, e o Brasil ficou na 26ª posição.
O índice avalia o quanto as elites dos países geram valor para a sociedade, sem basear-se no parasitismo para manter seu ganho de renda. Conhecido como rent-seeking, esse processo ocorre a partir da manipulação dos agentes econômicos e da manutenção de privilégios, sem agregar valor aos demais.
As elites de alta qualidade visam à criação de valor na sociedade, por meio do fortalecimento de políticas horizontais, de modo a melhorar o ambiente de negócios. Em contrapartida, as elites de baixa qualidade promovem monopólios e privilégios tributários para se beneficiar em detrimento do restante da sociedade e buscam reservas de mercado e protecionismo. É neste último caso que o Brasil se insere.Mas como resolver este problema? O Brasil precisa de um movimento composto por bons capitalistas, que além do próprio lucro, estejam preocupados com a pavimentação de instituições mais inclusivas. Para isso, um dos primeiros passos é formá-los por meio de sólidos valores e princípios, passando pela responsabilidade individual.