O governo de Alberto Fernández declarou a telefonia celular, a internet e TV paga como “serviços essenciais”. Na prática, pela legislação do país isso significa que agora os preços são controlados, podendo haver reajustes somente com autorização governamental.
O tabelamento é quase uma instituição nacional argentina, tão tradicional quanto o doce de leite e o tango. Desde o regime de Juan Domingo Perón, quando a constituição argentina foi alterada para que as empresas fossem obrigadas a se submeter aos interesses governamentais que o controle de preços se tornou algo comum no país.
Não à toa, buscando dividendos eleitorais, mesmo o governo de Maurício Macri, que se dizia liberal, ampliou o programa “Preços Cuidados”, responsável pelo congelamento de preços no país, com a intenção de amenizar a inflação de 53,4% registrada em 2019. A quantidade de itens tabelados aumentou de 70 para 308, constando na relação produtos considerados essenciais para as famílias, que vão desde higiene e limpeza até alimentos e bebidas.
À época, até ministros do Estado argentino foram convocados para fiscalizar se os estabelecimentos comerciais estão cumprindo as regras de controle de preços na Argentina.
A medida é popular em terras portenhas, refletindo a mentalidade peronista presente entre os argentinos: de acordo com levantamento de 2018 do Instituto Ipsos, 86% dos argentinos concordam que o governo deveria controlar os preços de alimentos e serviços básicos. A mesma pesquisa também apontou que 70% dos hermanos acreditam que as grandes indústrias devem ser controladas pelo governo nacional.
O tabelamento de preços não serve para atacar a inflação, mas com diz o economista Thomas Sowell, “quando as pessoas querem o impossível, apenas os mentirosos podem satisfazê-las”. E em meio a isso, a Argentina insiste em dobrar a aposta nos mesmos erros do passado esperando que da próxima vez será diferente.