Na atividade parlamentar, número não é tudo: entre todos os políticos do legislativo, há sempre os mais bem preparados, melhor articulados e que conseguem exercer maior capacidade de influência frente aos demais. E, no Congresso atual, os parlamentares liberais são uma minoria tanto quantitativa quanto qualitativa. Essa é uma das conclusões que se pode tirar do levantamento “Elite Parlamentar”, elaborado anualmente pela Arko Advice.
O documento identifica quais são os deputados federais e senadores mais influentes. Isto é, os que “atuam decisivamente sobre o andamento dos trabalhos”, influenciam na agenda legislativa ou que representam interesses organizados da sociedade ou forças políticas relevantes. Esses parlamentares podem se destacar por liderarem articulações na busca por consensos e “deixam sua marca” nos processos deliberativos do Executivo e do Congresso.
A Elite do Congresso pode se dar a partir de Lideranças Formais, que ocupam cargos de relevância e liderança, como o presidente da Casa, de uma Comissão ou a relatoria de projeto de destaque. Porém, há também as Lideranças Informais, que são especialistas em um tema relevante que esteja em evidência; um formador de opinião ou com boa capacidade de negociação. Naturalmente, as lideranças formais via de regra refletem um líder informal.
Influência vs. Ideologia
Vale ressaltar que toda a análise da consultoria é com base na influência, não em questões ideológicas ou valorativas. Portanto, tal como a ciência política, o report é meramente descritivo.
Além disso, dos 594 deputados federais e senadores, o relatório de 2020 elencou que a elite parlamentar é composta por 103 congressistas. O Partido dos Trabalhadores (PT) lidera a lista, com 12 parlamentares, seguido pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e Democratas (10 cada um). Depois, vem o Partido Social Democrático (PSD) e o Progressistas (9 cada um). E, desse recorte, há apenas quatro congressistas que são identificados com os princípios e valores liberais: Daniel Coelho (Cidadania/PE), Kim Kataguiri (DEM/SP), Marcel van Hattem (NOVO/RS) e Paulo Ganime (NOVO/RJ), que é o líder de seu partido.
Tratando especificamente de fatores internos na política, para haver avanço de pautas que melhorem o ambiente de negócios e a liberdade individual, é necessário aumentar quantitativamente os parlamentares identificados com a liberdade, melhorar a qualidade dos já existentes. Assim, mais como eles poderão fazer parte da elite do parlamento, exercendo capacidade de influência.
Outra vantagem a ser conquistada a partir disso é a diversificação desta qualidade. Isso porque o perfil de todos os quatro liberais listados como componentes da elite dos congressistas estão na “mesma prateleira” segundo a consultoria. Eles são debatedores.
Tratam-se de influenciadores da opinião pública, que possuem muito engajamento em redes sociais. Mas, para influenciar o avanço de pautas, é necessário mais do que isso. Por exemplo, articulação, ter especialistas em temas relevantes e ser um líder setorial. Após dois anos da atual legislatura, ainda não houve políticos liberais em posições formais em Comissões e nas Mesas das respectivas Casas.
Em suma , os liberais ainda são uma minoria na elite parlamentar. A reversão deste panorama passa pela formação de novas lideranças em fortes princípios e valores. Alguns deles podem em algum momento da trajetória ocupar espaços a partir de cargos legislativos e, nessa posição, precisam ser agentes de impacto e de transformação.