A inflação fechou o ano de 2021 em 10,06%, segundo o IBGE, a terceira maior alta do século, sendo a maior desde 2015, quando no governo Dilma ela atingiu 10,67%. O indicador ficou muito acima da meta estabelecida pelo Banco Central (3,75%).
Por que tivemos uma inflação tão alta e, principalmente, como se proteger dela?
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Os vilões da inflação de 2021
Os principais vilões da inflação de 2021 foram a energia elétrica, os combustíveis e os alimentos, respondendo juntos por quase 80% do IPCA do ano.
A energia elétrica pesou no bolso do consumidor em virtude da pior crise hídrica dos últimos 91 anos, o que obrigou o acionamento das usinas termelétricas para evitar o risco de apagão.
Assim, desde setembro está em vigor a bandeira tarifária Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. Com a melhoria em relação aos reservatórios, a expectativa é que a bandeira permaneça vigente até abril de 2022 e não seja renovada.
O grupo Transportes subiu 21,03% no ano, puxado pela disparada no aumento dos combustíveis, que cresceu em virtude da alta do dólar e do aumento da demanda global por petróleo.
Houve sucessivos reajustes nas bombas, com a gasolina acumulando alta de 47,49%, enquanto o etanol subiu 62,23%, influenciado também pela produção de açúcar.
Já a alimentação ficou mais cara (7,94%) também pela seca prolongada e geadas, atrapalhando a produção no campo, e elevando os preços de produtos agropecuários, como café e açúcar.
Em virtude do aumento da taxa Selic, que começou 2021 com 2% e terminou o ano com 9,25%, havendo mais expectativas de alta no primeiro trimestre, além da normalização das cadeias produtivas globais, há expectativa da inflação perder força em 2022, mas ter dificuldades de ficar abaixo do teto da meta do Banco Central, de 5%.
Como proteger seus investimentos da inflação?
Diante da elevação na taxa Selic, que hoje está em 9,25% e deve chegar a 10,75% nas próximas duas reuniões do Copom, há oportunidade para investir seus recursos em produtos pós-fixados.
Dessa forma, é interessante se manter atrelado a títulos que estejam ligados à taxa básica da economia brasileira. Essa é a melhor maneira de aproveitar essa curva crescente dos juros.
Ao procurarmos investimentos com essa característica (atrelados a taxa de juros ou ao CDI), nos deparamos com títulos bancários CDBs, LCIs, LCAs, LFs e títulos de crédito privado como CRIs, CRAs, debêntures, entre outros.
Torna-se importante a agilidade para aproveitar as oportunidades nessa classe de ativos devido ao que chamamos de “redução no prêmio”. Em junho de 2021, por exemplo, encontrava-se títulos que pagavam até 140% do CDI. Hoje esses títulos estão mais pressionados devido a “redução no prêmio”, com alguns pagando 120%. Nota-se que um título que paga 140% do CDI com a Selic a 2% ao ano, rentabilizava cerca de 2,8% ao ano, enquanto um título de 120% do CDI com CDI a 10,75% ao ano rentabiliza 12,9%. Isto é, mais de 1% ao mês.
Também há títulos que pagam IPCA+, isto é, que recompõe na íntegra o indicador de inflação e garantem uma rentabilidade real. Há ofertas no mercado, por exemplo, de IPCA+5% de empresas com boas avaliações de crédito, isto é, que são consideradas mais seguras para investir. Muitos desses títulos remuneram os juros semestralmente, permitindo ao investidor tanto proteção contra a inflação (preservação do poder de compra), quanto uma renda que combina alguns ativos isentos de Imposto de Renda para pessoa física.
É preciso, contudo, ter cuidado quanto aos títulos em que for investir, pois nem todos os ativos citados possuem cobertura do FGC (fundo garantidor de crédito), o que significa que caso a empresa quebre, o investidor pode ficar no prejuízo. Assim, estar bem informado e assessorado é essencial.