Em 2017, a Endeavor lançou o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE), que avaliou o ambiente de negócios de 32 cidades brasileiras que juntas representam 40% das scale-ups (empresas de alto crescimento) e cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
No último ano, o Brasil foi o 36º país que mais avançou em liberdade econômica, alcançando a 144º posição no ranking da Heritage Foundation. Graças às reformas, como a trabalhista e a previdenciária, bem como pela desburocratização promovida pela Lei da Liberdade Econômica, o país inverteu a trajetória de queda que já durava quase 15 anos.
Veja quais sãos os 5 municípios com melhor ambiente de negócios do Brasil.
Critérios para avaliar as cidades empreendedoras
A pesquisa adotou sete parâmetros para medir a atividade empreendedora das cidades. São eles: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.
Metodologicamente, o desempenho de cada município foi ajustado em relação ao seu tamanho, considerando, por exemplo, o número total de empresas e a população.
Aqui estão os principais pontos das cidades que melhor pontuaram no ranking.
O ranking geral das cidades empreendedoras
5. Joinville
Terceira maior cidade da região Sul, o que pode ser novidade para alguns é fato de que essa é a cidade mais populosa de Santa Catarina, à frente inclusive da capital do estado.
Com muitas pessoas interessadas em empreender, o destaque de Joinville é o seu ambiente regulatório mais livre no que tange a viabilização de negócios. A cidade se destacou pelo baixo tempo de processos, a complexidade tributária e o custo dos impostos.
O tempo necessário para abrir uma empresa no município foi de 39 dias, abaixo da média nacional, de 62. No entanto, quando comparada a outras cidades do ranking, Joinville deixa a desejar no quesito facilidade de acesso a capital e inovação.
4. Curitiba
Curitiba é um ótimo exemplo de como educação e mercado de trabalho caminham lado a lado e refletem positivamente no empreendedorismo.
Para definir o ranking em relação à capital humano, o ICE considerou o número de adultos com pelo menos Ensino Médio e Ensino Superior completos. Nesses critérios, Curitiba apresentou 72,4% e 33,2%, figurando em 1º e 3º lugar, respectivamente.
No entanto, os curitibanos estão entre os brasileiros que mais pagam impostos para manterem seus negócios funcionando. A disponibilidade de crédito também afeta negativamente o empreendedorismo na cidade. Em comparação a 2016, a capital paranaense apresentou a segunda maior queda, cerca de um quarto na quantidade de crédito disponível.
3. Vitória
O destaque em melhoria no ranking em relação ao ano anterior vai para a capital do Espírito Santo, Vitória. Com o estado se destacando pelo ambiente de negócios, a cidade também foi beneficiada e subiu duas posições no índice geral.
Um dos maiores problemas para iniciar um negócio é o tempo médio para abertura de empresas, e Vitória foi a cidade que mais se destacou no indicador: o empreendedor capixaba precisa de 22 dias para começar a fazer negócios.
Além disso, a capital do Espírito Santo tem o segundo melhor PIB per capita do país, com R$ 67 mil, perdendo apenas para Brasília, cujo valor é de R$ 69 mil per capita.
O problema de Vitória foi no quesito operações de crédito, pontuando 0,39, enquanto a média nacional é 0,53.
2. Florianópolis
A vice do ranking é a “ilha da magia”, Florianópolis. O destaque da cidade está no capital humano, bem como no nível de inovação. Ambos critérios são importantíssimos para o desenvolvimento empresarial.
A qualificação dos funcionários costuma ser uma difícil etapa para o empreendedor na hora de compor a sua empresa, mas não em Florianópolis. Dentre as 32 cidades, a ilha apresenta a melhor proporção de adultos com ensino superior completo: 36,3%.
Outro diferencial de Florianópolis é o acesso à internet, submarcador no qual também apresenta o melhor desempenho no Brasil. Segundo a pesquisa, 18,7% da população utiliza banda larga.
No entanto, a cidade ficou apenas no 25º lugar no quesito mercado, o que indica baixas expectativas para expansão de negócios ou aumento do número de potenciais clientes.
1. São Paulo
A campeã do ranking de melhores cidades empreendedoras do Brasil é a capital paulista, famosa por sua “selva de concreto” e também por seu ambiente favorável aos negócios.
A primeira megalópole brasileira tem como principal ponto positivo a disponibilidade de recursos para investir nas empresas, o que é fundamental para a continuação dos negócios. Na escala de 0 a 10, a cidade apresentou nota 9,8.
Outro diferencial é sua infraestrutura, já que o município tem a maior malha metroviária do país. Porém, esse critério vai além, ao levar em consideração o número de passageiros em voos diretos registrados ao ano. Em média, São Paulo recebe quase 52 milhões de passageiros.
Por outro lado, no critério de capital humano, a cidade não apresenta um bom desempenho, ocupando a 16ª posição. Nem 25% dos adultos da cidade de São Paulo possuem ensino superior completo.
São Paulo também exige 12 dias acima da média geral no que tange tempo para abertura de empresas, totalizando um período 74 dias. Outra desvantagem refere-se ao acesso à internet, com apenas 12,2% dos paulistanos desfrutando de banda larga.
Outras cidades que merecem destaque
Cuiabá é a cidade com processo mais rápido para abrir um negócio: demora cerca de 20 dias. Fortaleza e Blumenau apresentam os 2º e 3º melhores ambientes regulatórios, respectivamente.
Sorocaba apresentou o melhor crescimento médio do PIB real (5,18%) entre 2015 e 2017. Porto Alegre possui o melhor desempenho em relação o capital poupado per capita com quase R$ 45 mil.
São José dos Campos é referência em inovação, característica fundamental para a prosperidade de empresas nos mercados. Rio de Janeiro é a líder em Infraestrutura tecnológica com nota 8,1.
Os diferenciais de cada região
Apesar de grande parte das cidades mais empreendedoras do país estarem concentradas no Sudeste, outras regiões do país melhoraram seus ambientes de negócios.
Dentre as 10 cidades mais bem colocadas no quesito tempo de processos, seis são capitais da região Nordeste, por exemplo. No pilar inovação, normalmente maior na região sudeste, a região sul também ganhou destaque.
Além disso, ao avaliar a cultura empreendedora a partir de características de personalidade, como proatividade, visão e criatividade dos profissionais, o ICE expôs vantagens das regiões Nordeste e Sul.
No topo do ranking nesse quesito estão as capitais do Rio Grande do Norte, do Piauí e a cidade sulista de Maringá. São Paulo, líder no ranking geral, ficou apenas na 20ª colocação nesse critério, por exemplo.
Nenhuma cidade brasileira tem um ambiente de negócios tão robusto
O Índice das cidades empreendedoras da Endeavour mostra o desempenho das principais cidades brasileiras comparativamente. Contudo, mesmo os melhores desempenhos está aquém do ambiente de negócios registrados em países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), isto é, os países mais desenvolvidos. No Chile, por exemplo, o tempo para se abrir uma empresa é de 11 minutos.
Portanto, para que o país se torne mais livre, competitivo e crie melhores condições de se empreender, é essencial que o país prossiga com a agenda de reformas estruturais, como uma reforma administrativa, privatizações e uma Reforma Tributária. Elas deveriam ser a prioridade do governo Bolsonaro e Congresso para ajudar na retomada econômica.