A política é um jogo complexo, e conquistar um dos 594 assentos no Congresso Nacional requer habilidades estratégicas e o apoio de diferentes grupos de interesse. Nessa perspectiva, há basicamente três formas principais pelas quais um parlamentar pode se eleger e chegar ao Congresso, cada uma com suas peculiaridades e desafios que são moldadas de acordo com o cenário político brasileiro.
A primeira forma é representar uma base regional. Muitos parlamentares alcançam o Congresso Nacional ao estabelecerem uma forte conexão com uma região específica. Eles trabalham para obter verbas e emendas que beneficiem suas regiões, o que lhes permite angariar apoio popular e serem reeleitos. Um exemplo disso é Marcos Pollon (PL/MT), que, no início da legislatura, apressou-se para destinar R$ 3 milhões de emenda parlamentar para Dourados e Chapadão do Sul. Ao direcionar recursos para essas áreas, ele se torna uma figura popular, ganhando o apoio da população local. Um dos melhores parlamentares nesse sentido é Lincoln Portela (PL/MG), em seu 7º mandato, que se destacou, inclusive, com a pulverização de votos nas centenas de cidades mineiras, que lhe garantiram mais de 42 mil votos, ou 0,38% dos votos válidos em Minas Gerais.
A segunda forma de se eleger é representar uma entidade ou segmento econômico. O movimento sindical e patronal no Brasil possui grande influência política, e algumas associações conseguem emplacar suas lideranças no Congresso Nacional para representar seus interesses. Luiz Marinho (PT/SP), presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CUT, é um exemplo disso. Paulo Pereira da Silva (Solidariedade/SP), conhecido como Paulinho da Força, também é um metalúrgico e sindicalista que se tornou um político influente. O sistema eleitoral brasileiro favorece esse tipo de parlamentar, já que eles podem mobilizar toda uma categoria (como bombeiros, taxistas, médicos, professores, entre outros), ou um segmento econômico (como o agronegócio, indústria, varejo) para garantir a eleição de um representante.
A terceira forma de se eleger é representar uma causa ou ideias. Esses parlamentares são conhecidos por simbolizar uma agenda, ideologia ou militância e são mais raros no Congresso Nacional. Nomes como Deltan Dallagnol (Podemos/PR) e Sérgio Moro (União/PR), protagonistas da Operação Lava Jato e símbolos do combate à corrupção, são exemplos dessa categoria. Também há parlamentares com posições ideológicas bem definidas, como a socialista Taliria Petrone (PSOL/RJ), a ambientalista Marina Silva (Rede/AC) e o liberal Marcel van Hattem (Novo/RS). Parlamentares religiosos, como o pastor Marco Feliciano (PL/SP), o pastor Eurico (PL/SP) e o pastor Otoni de Paula (MDB/RJ), também representam uma fé ou crença específica.
Cada uma dessas formas de eleição apresenta vantagens e desafios. Os parlamentares regionais têm a tarefa de garantir benefícios para suas regiões e, assim, garantir o apoio local com vantagens contra a concorrência. Os representantes de entidades podem contar com uma base eleitoral organizada, mas precisam equilibrar os interesses de seus grupos com a necessidade de representar a população como um todo. Já os parlamentares que representam causas ou ideias possuem um potencial de eleitorado maior, mas têm o desafio de traduzir suas convicções em ações concretas e aprovar projetos de lei que correspondam às expectativas de seus eleitores.
É importante ressaltar que, independentemente da forma de eleição, o sucesso de um parlamentar depende de sua capacidade de cumprir as promessas feitas durante a campanha e de se manter alinhado com as expectativas de seus eleitores. Assim, parlamentares ideológicos correm o risco de não conseguirem entregar resultados tangíveis, como a aprovação de projetos, o que pode levar à perda de sua base. Um exemplo disso foi observado na última legislatura, com Alexandre Frota (Solidariedade/SP) e Joice Hasselmann (PSDB/SP), que tentaram se reposicionar no espectro político e acabaram fracassando na tentativa de reeleição.
A política é, sem dúvida, um jogo complexo, e aqueles que desejam se eleger para o Congresso Nacional precisam entender as regras e estratégias necessárias para obter sucesso. Seja representando uma base regional, uma entidade ou uma causa, é essencial que os parlamentares sejam capazes de conquistar a confiança e o apoio de seus eleitores.